Festas de final de ano chegando e as mamães em aleitamento materno se veem frente a uma infinita variedade de bebidas, muitas vezes não experimentadas durante o ano inteiro. Celebração, ceia, drinks… como o álcool pode interferir na amamentação? Mamães amamentando podem ingerir bebida alcoólica?
As principais recomendações afirmam que o consumo de bebidas alcoólicas é considerado compatível com a amamentação, mas isso não significa que seja recomendado. A mãe pode, sim, tomar um drink eventualmente, desde que com alguns cuidados. Idealmente, o bebê não deve estar em aleitamento materno exclusivo, ou seja, deve ter outras fontes alimentares além do leite materno, o que, em geral, acontece após os seis meses de vida.
Além disso, o nível de álcool que chega até o leite está relacionado à quantidade ingerida, quanto menor a quantidade, mais rápido “sairá” do organismo. Também devemos estar atentos ao horário da próxima mamada: uma mulher de aproximadamente 60 kg leva de duas a três horas para metabolizar uma porção de álcool (um copo de cerveja ou uma taça de vinho, por exemplo). Por isso, a recomendação é de que a mãe aguarde, no mínimo, duas horas após a ingesta de álcool para oferecer o peito novamente ao bebê.
Bebidas destiladas demoram ainda mais para serem eliminadas; por outro lado, se o álcool é consumido junto com comida, a absorção é mais baixa, passando menos pelo leite. É sempre importante também lembrar que o álcool diminui a produção de leite.
Portanto, para as mamães que amamentam mas não querem abrir mão de um drink nas festas de final de ano, atenção às recomendações, prefira fermentados, ingira pouca quantidade e de preferência com alimentos, beba muita água e aguarde pelo menos 3 horas para amamentar seu bebê novamente.
Além de tudo isso, existem fitas que medem a quantidade de álcool no leite, contra indicando o aleitamento caso esses níveis estejam altos. A informação é a maior arma a favor das mulheres que querem amamentar, com isso o seu momento de celebração se torna mais seguro e prazeroso.
Por Dra. Lorena Lima Amato
*Lorena Lima Amato é endocrinologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)
No vídeo, a ginecologista Juliana Amato aborda o impacto do álcool na amamentação. Ela explica que a molécula do álcool é pequena e hidrossolúvel, o que facilita sua passagem para o leite materno. Estudos indicam que o álcool pode afetar a produção de ocitocina e prolactina, hormônios importantes na produção de leite.
O consumo de álcool também pode ter efeitos negativos nos bebês, como sonolência, diminuição da força de sucção, baixo peso, irritabilidade e alterações intestinais. Além disso, o consumo excessivo de álcool durante a amamentação pode levar ao desenvolvimento mais lento das funções motoras, diminuição do QI verbal e baixa estatura.
A recomendação de Juliana é que as mães amamentando bebam álcool apenas socialmente e em pouca quantidade. Se consumir álcool, é aconselhável aguardar algumas horas antes de amamentar ou extrair o leite antes e armazená-lo na geladeira para oferecer ao bebê posteriormente.
Olá, meu nome é Juliana Amato, eu sou ginecologista aqui do Instituto Amato e hoje nós vamos conversar um pouco sobre o impacto do álcool na amamentação. Então uma dúvida muito comum das mulheres é se depois que elas tem o bebê e estão amamentando, elas podem tomar algum tipo de bebida alcoólica. Vamos conversar? Então, a gente sabe que toda bebida alcoólica, ela tem uma molécula que é muito pequena, é uma molécula… É bem menor, por exemplo, do que um comprimido de ibuprofeno ou algum comprimido de alguma vitamina e ela é hidrossolúvel, ou seja, ela é solúvel em água, então ela passa mais pro leite materno, ela tem essa capacidade de passar pro leite materno. Alguns estudos foram feitos… Não temos muitos estudos porque não pode ser feito em mulher amamentando ou grávida, porém alguns estudos realizados principalmente na Austrália mostra que pico da concentração do álcool no leite materno ele acontece com uma hora, ou seja, tem a passagem do álcool pro leite materno e quais são os impactos então? Vamos lá! Alguns estudos mostram que a liberação do álcool, ele depende da concentração e do peso da pessoa, ou seja, bebidas com doze gramas de álcool, elas levam em uma pessoa de 63kg a 65kg, duas horas a duas horas e meia pra ser totalmente liberada do corpo, já em pessoas com mais de 80kg 100kg, três a três horas e meia. E o interessante aqui é que isso é com uma dosagem de álcool, se você toma essa dosagem dobrada, um, dois, três copos esse tempo também vai duplicando. E quais os efeitos na mulher que tá amamentando? A gente sabe que o álcool ele diminui a produção de ocitocina, a ocitocina é o hormônio produzido quando o neném ele suga a mama da mulher e tem o estímulo cerebral pra produção de ocitocina e produção do leite, então sabe-se que a ocitocina ela diminui com essa sucção do neném. Além disso, uma outra alteração que pode ocorrer é em relação a prolactina, a produção da prolactina. A prolactina é um hormônio da amamentação, ele que estimula também a produção do leite junto com a ocitocina, só que nesses casos é um pouquinho diferente. O álcool ele age aqui nessa situação em picos, ou seja, quando você começa a ingerir o álcool, ele aumenta a produção da prolactina e com isso você tem a sensação de que tem um aumento na produção de leite, porém é cíclico, ao mesmo tempo que ele dali um tempinho ele diminui. E aqui existe um mito das mulheres que tomam a cerveja preta no intuito de aumentar a produção do leite. Então vamos desmistificar. Pois bem, os estudos mostram que o que ocorre não é por causa do álcool em si, mas sim algum polissacarídeo encontrado na cevada que tem essa propriedade de aumentar a produção da prolactina, porém como eu falei é cíclica, ela leva um tempo pra aumentar, aumenta a produção do leite, mas logo em seguida ela diminui, então ela não é tão real como as pessoas dizem por aí. E as ações então desse álcool no bebê. A gente sabe que aumenta a sonolência com isso o bebê ele perde a força da sucção quando vai mamar porque ele tá mais sonolento e com isso ele mama menos. Pode tá associado com baixo peso do bebê também e muitas vezes associado alteração de hábito intestinal e irritabilidade. Além disso, pode desenvolver uma situação chamada de pseudo síndrome de Cushing. O que é isso? São bebês que tem aumento de peso pela retenção de líquido causado pelo álcool, mas isso em mulheres que já tem o alcoolismo um pouquinho mais severo, não são pessoas que tomam uma bebida alcoólica ao dia ou aos finais de semana, já são casos mais extremos. E nas crianças ao longo do seu desenvolvimento o que pode causar? Então em mulheres que bebem uma quantidade moderada de álcool durante a semana o que se observa é que tá associado com o desenvolvimento mais lento das funções motoras dessa criança além de uma diminuição do seu QI verbal e também numa diminuição do seu crescimento levando às vezes a uma baixa estatura ou de repente a criança ela não chega a sua estatura ideal. Quando a sua expectativa de crescimento de altura final, por exemplo, é 1,70, essa criança não vai chegar até 1,70, ela pode chegar a 1,60, então ela tem um déficit no seu crescimento. Então o que os estudos mostram? Os estudos mostram que em mulheres que tomam a quantidade excessiva de álcool elas podem ter todos esses efeitos. Então a dica que eu dou aqui é se você tá amamentando o ideal é que você beba socialmente em pouca quantidade, ou seja, se você quiser no final de semana estar num jantar, tomar uma taça de vinho, tudo bem, pode tomar ou tá num churrasco, quer tomar umas duas cervejinhas, tudo bem, pode tomar. Esporadicamente, não vai trazer maiores problemas e lembrar que se você toma uma quantidade de álcool, deixa pra amamentar dali três horas ou se você tiver a possibilidade, tira o leite antes, guarda na geladeira pra dar pro bebê e você vai ali quatro, cinco horas. Gostou dessa dica? Se você gostou, inscreva-se no nosso canal, dê o seu like e ative o sininho de notificação!
