A constatação fascinante em minha área é a disparidade na percepção da dor entre pacientes com compressões neurológicas severas na coluna. Alguns não apresentam dor na coluna, enquanto outros, com compressões leves, sofrem intensamente. Existem mecanismos de ativação da dor que não controlamos. Como médicos, é crucial respeitar a dor do paciente, mas também reconhecer que há mecanismos sob nosso controle.
Recentemente, operei uma senhora de 83 anos com estenose acentuada na coluna lombar e hérnia de disco. Ela adaptou-se à condição, realizando exercícios monitorados, até que a situação se agravou, resultando em dormência e perda de equilíbrio. Submetida à endoscopia de coluna, a paciente se recupera bem, com melhora dos sintomas. A notável ausência de dor pré e pós-operatória não é mérito apenas da técnica, mas da mentalidade positiva e vontade de viver da paciente.
A citação da Legião Urbana, “Toda dor vem do desejo de não sentirmos dor,” instiga reflexões sobre o medo e a dor. Pessoas temerosas frequentemente sofrem mais, enquanto aquelas destemidas podem negligenciar sintomas. A busca pelo equilíbrio é a resposta, como em quase todos os aspectos da vida.