O derrame é um termo popular usado como sinônimo da sigla AVC (Acidente Vascular Cerebral). O AVC é uma condição muito comum e acontece quando há irrigação sanguínea insuficiente na região do cérebro. Certamente, você já deve ter ouvido falar dele. O que muita gente não sabe é como ocorre o AVC e, principalmente, o que fazer para não sofrer um derrame mesmo apresentando placas de gordura nas artérias, principal causa do problema. Vamos falar mais sobre isso a partir de agora.
O que é o AVC
O AVC, ou derrame cerebral, é a falta de irrigação de uma parte do cérebro, também chamada de isquemia. Ou seja, o sangue não segue seu fluxo habitual e não consegue chegar até o cérebro, afetando as suas funções.
O AVC é uma das maiores causas de morte em todo o mundo e é causado pelo entupimento das artérias. Essa obstrução também é chamada de estenose de carótida, condição da qual falaremos mais a seguir.
O que é estenose de carótida
Todos nós temos duas artérias carótidas, uma de cada lado do pescoço, e duas artérias vertebrais, que ficam na região de trás da cabeça.
A carótida é uma artéria que passa pelo pescoço, sendo a responsável principal por levar sangue e irrigar o nosso cérebro.
A estenose de carótida é uma doença que acontece quando a artéria carótida sofre um estreitamento. Esse estreitamento pode ser congênito ou provocado por obstruções.
E qual a relação da estenose de carótida com o AVC?
Quando existe uma estenose de carótida, ou seja, um estreitamento da artéria, temos a diminuição do fluxo sanguíneo no cérebro. Isso quer dizer que o cérebro não recebe o sangue em sua totalidade, como é necessário. Por causa disso, ele deixa de funcionar.
Essa irrigação inadequada pode ser provocada, como vimos, pela estenose e também pela placa aterosclerótica, característica principal de outra doença muito grave: a aterosclerose.
Além disso, o cérebro pode ter a sua irrigação afetada por pequenas embolizações. São partículas de sangue, ou coágulos, que viajam pelas artérias, chegam ao cérebro e impedem que o sangue chegue até lá.
A placa aterosclerótica
A placa aterosclerótica é a principal causa de obstrução da artéria carótida. A oclusão, ou entupimento, acontece de forma lenta e gradual até o ponto em que a artéria pode ficar obstruída por completo.
A aterosclerose é uma doença vascular crônica, quase sempre assintomática, que se instala no indivíduo e vai evoluindo aos poucos, acompanhando-o até a idade adulta. As causas da doença têm relação direta com os fatores de risco, tais como:
- Tabagismo;
- Hipertensão;
- Alimentação rica em gordura;
- Diabetes;
- Obesidade;
- Colesterol alto;
- Sedentarismo.
Tenho placa aterosclerótica. Quer dizer que vou ter um AVC?
Infelizmente, existe uma associação muito equivocada entre a existência da placa aterosclerótica com o derrame, como se a presença de um fosse determinante para o acontecimento do outro. Na verdade, não é bem assim que acontece.
A evolução da Medicina e dos métodos de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças nos permite ter uma visão mais positiva, segura e correta a respeito deste assunto.
O fato é que, ao identificar uma placa de gordura obstruindo a artéria, em um paciente assintomático, é possível prevenir e evitar a evolução dessa placa para um derrame ou AVC a partir do acompanhamento com um médico vascular e com a execução correta do tratamento.
Então, não deve ser repassada a informação errada de que quem tem uma placa de gordura na carótida, efetivamente terá um derrame em breve. Desde que o paciente seja assintomático, é possível reverter esse problema.
Por paciente assintomático, entendemos ser aquele paciente que não apresentou nenhum sintoma da doença e também aquele que não sofreu AVC ou derrame cerebral. Especificamente, nesses casos, as chances de tratar a doença e estabilizar a placa são muito grandes.
Com isso, oferecemos mais longevidade ao paciente, além de darmos a ele melhores condições de saúde, inclusive no aspecto mental, uma vez que o AVC é uma condição que gera muito receio.
Tratamento para a placa aterosclerótica
Bem, falamos da causa do AVC, do diagnóstico da aterosclerose e agora vamos falar do tratamento para a placa aterosclerótica. Como dissemos, é possível tratar e remover essa placa. Mas, como fazer isso?
Existem dois tipos de tratamento, que devem ser feitos em conjunto, orientados pelo médico vascular, especialista no tema. São eles:
Tratamento clínico
Durante o tratamento clínico, o cirurgião vascular vai prescrever medicamentos para tratar e controlar os fatores de risco, como a diabetes, a hipertensão e o colesterol, por exemplo.
Outra medida igualmente importante é modificar os hábitos ruins. O principal deles é deixar de fumar. O cigarro agride profundamente a parede das artérias, deixando-as mais frágeis e suscetíveis a obstruções.
Além disso, é necessário investir em uma alimentação saudável, pobre em gordura e realizar atividade física com frequência, deixando o sedentarismo de lado.
Tratamento cirúrgico
Dependendo do grau da estenose de carótida, pode ser necessário realizar a cirurgia para a remoção da placa. Temos, atualmente, duas opções:
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Cirurgia aberta
Na cirurgia aberta, é realizado um pequeno corte na região do pescoço, onde está localizada a artéria carótida. Em seguida, é feita a remoção da placa aterosclerótica, ou seja, a placa de gordura. Com isso, abrimos o caminho para que o sangue possa seguir o seu fluxo tranquilamente.
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Cirurgia endovascular
A cirurgia endovascular funciona da seguinte forma: é feito um pequeno corte ou furo na região da virilha do paciente. Em seguida, é introduzido um cateter para a aplicação de um stent.
Esse stent é uma espécie de mola bem pequena que vai fazer uma abertura na artéria comprometida. Ampliando as paredes da artéria, o sangue consegue circular melhor e continuar irrigando o cérebro.
A cirurgia endovascular é indicada quando a cirurgia aberta é mais arriscada para o paciente.
Então, como vimos, o AVC é um acontecimento grave, causado pela obstrução da artéria carótida, responsável pela irrigação cerebral. Essa obstrução é causada, na maioria das vezes, pela placa aterosclerótica. Contudo, um diagnóstico que identifica a presença da placa de gordura na artéria não determina o surgimento do AVC. Em pacientes assintomáticos, é possível reverter o problema com tratamento clínico e cirúrgico.
Prof. Dr. Alexandre Amato