Pular para o conteúdo

Depressão e Envelhecimento

A depressão é um tema que merece atenção, especialmente quando se trata da população idosa. Nessa faixa etária, diversos eventos estressores podem contribuir para o surgimento da depressão, como a viuvez, doenças familiares, dor crônica, limitações físicas e intelectuais, uso de medicamentos e outros. No entanto, a depressão pode ser difícil de ser identificada em idosos, uma vez que os sintomas muitas vezes são diferentes dos que ocorrem em adultos jovens. Neste artigo, discutiremos como é feito o diagnóstico de depressão em idosos, como diferenciar a reação de luto normal de quadros depressivos, o tratamento e o prognóstico da doença.

Sumário

Neste vídeo, o Dr. Marcos Galan Morillo, médico geriatra do Instituto Amato, fala sobre depressão e envelhecimento. Ele explica que a depressão é extremamente prevalente na população idosa devido às alterações fisiológicas e neurológicas próprias do envelhecimento cerebral e aos eventos estressores a que essa população está mais sujeita. Ele diferencia a tristeza da depressão, sendo que a tristeza é uma reação emocional comum em momentos de adversidade e a depressão é uma síndrome clínica que envolve distúrbios do sono, alterações do apetite, falta de energia, desânimo e anedonia. O Dr. Morillo destaca que a depressão no idoso muitas vezes é uma depressão mascarada, que não se apresenta com os sintomas típicos da depressão. Ele recomenda que os pacientes idosos com sintomas depressivos sejam submetidos a uma bateria de exames para diagnóstico diferencial e que o tratamento mais adequado para a depressão na população idosa é o uso de antidepressivos associado à psicoterapia.

Olá! Eu sou Dr. Marcos Galan Morillo, médico geriatra do Instituto Amato. Hoje vou falar sobre depressão e envelhecimento. A depressão é um quadro clínico psiquiátrico que acomete as pessoas durante a vida, mas em especial na população idosa ela é extremamente prevalente, ou seja, é muito frequente o paciente idoso desenvolver em algum momento um transtorno depressivo. Isso ocorre pelas alterações fisiológicas e neurológicas próprias do envelhecimento cerebral que propiciam os sintomas depressivos e também por eventos estressores ou chamado precipitantes ou de gatilho a que essa população está mais sujeita, como por exemplo, os idosos eles passam por viuvez, eles perdem familiares ou amigos. O idoso é mais sujeito a limitações físicas, como dor, dificuldade de movimentação, déficit auditivo, visual e também o idoso é mais sujeito aos déficits intelectuais. Além disso, uma população que ingere ou precisa de um grande número de medicamentos, alguns deles podem causar depressão. É importante diferenciar a tristeza da depressão que é considerada uma síndrome clínica, uma síndrome depressiva. A tristeza é uma reação emocional comum em momentos em que a gente passa por adversidades ou frustrações. Ela permite uma reflexão mais profunda sobre a vida e a tristeza é importante para elaborarmos as perdas e levarmos a vida adiante. A síndrome depressiva é uma situação em geral em que os sintomas vão surgindo e demoram para passar e são paralisante. Os sintomas depressivos podem acometer várias áreas da vida humana. Na depressão, o paciente começa a apresentar distúrbios de sono, seja excesso ou falta de sono, alterações do apetite, como falta de apetite ou excesso de apetite, falta de energia, desânimo, medo, anedonia, que é a dificuldade para sentir prazer em coisas que antes eram vividas com satisfação, por exemplo, aquele idoso que sempre gostou de assistir os jogos de futebol e que não liga mais ou não vê mais graça em ver os jogos pela TV ou mulheres que têm o hábito de fazer tricô ou gostavam de receber a visita dos netos. Isso passa a ser uma situação sem graça, isso é o que denominamos de anedonia. Além disso é importante destacar que a depressão no idoso muitas vezes é uma depressão mascarada, o que significa, ela não se apresenta com os sintomas típicos da depressão, que são a tristeza, a angústia, o choro. Muitas vezes o paciente idoso apresenta apatia, aumento dos sintomas físicos, como dor, palpitações e declínio cognitivo. Inclusive a depressão é um dos diagnósticos a serem diferenciados das demências. Dentre as mais comuns, a demência do tipo Alzheimer, então diante de um declínio cognitivo no idoso, nós devemos pensar estamos diante de um paciente com transtorno psiquiátrico, com uma depressão ou com uma doença neurodegenerativa, como a demência de Alzheimer. É importante na população idosa diferenciarmos os sintomas da síndrome depressiva da reação natural de luto, na reação de luto predomina a tristeza, a falta de energia e sabemos que cada pessoa tem o seu tempo para viver o luto. Devemos nos preocupar quando esse paciente que está vivendo o luto começa a apresentar sintomas como muita culpa, excesso de perda de energia, dificuldade para retomar as atividades básicas da vida diária ou até sintomas como delírios ou alucinações. Quando trazido à consulta médica em geral pelos familiares, o paciente idoso deve passar por uma bateria de exames para o diagnóstico diferencial. O diagnóstico de depressão deve ser realizada na consulta médica por um especialista. Num primeiro momento, principalmente nos pacientes idosos é importante fazer um diagnóstico diferencial de outras doenças que podem causar sintomas depressivos dentre elas, as demências. Os quadros orgânicos e é necessário realizar exames complementares para um bom diagnóstico, feito o diagnóstico do transtorno depressivo, principalmente nessa população, nessa faixa etária o melhor com medicamentos, os antidepressivos. Existem diversos tipos de medicamentos e cada vez eles são melhores e é importante que não se retarda o início dessa medicação que se utilize as doses corretas, ou seja, não se subtraem os sintomas. Significa tratar mais ou menos e que a medicação seja usada durante o tempo necessário que pode parecer longo ao paciente, mas não é para melhora completa dos sintomas. A psicoterapia associada amplifica ou ajuda a obter melhores resultados. Caso você tenha dúvidas não hesite em colocar as suas perguntas aqui abaixo e não esqueça de se inscrever no canal e até o próximo vídeo!

A tristeza é um sentimento normal após situações de perda, frustação e outras adversidades. É uma reação adaptativa a um novo cenário, que leva a pessoa a um momento de maior retraimento e reflexão para  recuperar forças e rever expectativas . A depressão é uma síndrome com um conjunto de sintomas presentes há mais de duas semanas com alterações de humor (falta da capacidade de sentir prazer, tristeza, irritabilidade, apatia), alterações do sono, alterações da concentração, alterações do apetite e sintomas corporais.

Como é feito o diagnóstico de depressão?

De acordo com DSM- IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria e utilizado mundialmente, os critérios para o diagnóstico de depressão maior são:

  1. A.O individuo deve ter por um período mínimo de duas semanas cinco ou mais dos seguintes sintomas sendo obrigatório os sintomas 1 e/ou 2
    1. Humor deprimido (tristeza, e angustia importante) ou,
    2. Perda do prazer e interesse por quase todas as atividades (anedonia). O individuo não acha mais “graça” em atividades que até eram prazerosas.
      Mais quatro sintoma
    3. Perda ou ganho de peso não relacionados com dieta.
    4. Insônia ou excesso de sono quase todos os dias.
    5. Agitação ou lentificação dos movimentos, observado pro outras pessoas.
    6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
    7. Diminuição da memória, da concentração, indecisão.
    8. Pensamentos de morte e ideação suicida
  2. B. Não satisfazem os critérios de estado misto (bipolar)
  3. C. Os sintomas causam sofrimento e prejuízo no funcionamento social e ocupacional.
  4. D. Os sintomas não são devidos ao abuso de drogas (álcool e ilícitas), não se devem a medicamentos e não são causados por outras doenças (exemplo doenças da tireoide).
  5. E. Os sintomas não são devidos à reação de luto.

Como se apresenta a depressão na população idosa?

A depressão é altamente prevalente nos idosos. Nessa faixa etária ocorrem diversos eventos de vida estressores que favorecem o surgimento da depressão tais como: viuvez, doença de familiar, dor crônica, limitações por doenças, déficit visual e auditivo, vivência de debilidade física e intelectual, uso de diversos medicamentos  e outros.

A depressão no idoso é semelhante a  do adulto jovem?

Não, muitas vezes ocorre uma depressão “mascarada” onde o idoso não refere sintomas como  tristeza e  angustia, predominando a  apatia observada pelos familiares e  sintomas físicos que erroneamente são atribuídos  a velhice como dores, palpitação, tontura, falta de ar e alteração do sono e memória.

Como diferenciar a reação de luto normal dos quadros depressivos?

No luto normal predomina a profunda tristeza, mas o individuo realiza atividades habituais quando estimulado. Devemos pensar na depressão quando estão presentes sentimentos de culpa, minusvalia, sintomas psicomotores com lentificação extrema  e alucinações

Como o médico faz o diagnóstico de depressão?

O diagnóstico é feito na entrevista médica utilizando critérios como os supracitados (DSM –IV). É fundamental na primeira consulta se solicitar exames complementares, para descartar outras doenças que pode ser a causa dos sintomas depressivos. O médico que atende idosos, também deve saber diferenciar a depressão dos quadros de demência, como por exemplo, a doença de Alzheimer. São essenciais também  as informações do familiar e do cuidador.

Como é o tratamento?

Na maioria dos casos o tratamento é farmacológico através do uso de antidepressivos. Na população geriátrica o tipo de antidepressivo deve ser criteriosamente escolhido, considerando que esse grupo  possui outras  doenças crônicas e faz uso de vários medicamentos,  evitando –se assim o risco das reações adversas.
A combinação da intervenção farmacológica e da psicoterapia  potencializa o tratamento.

Qual o prognóstico?

No primeiro ou segundo episódio de depressão o tratamento é muito eficaz,  com resultados tão bons  quanto nos mais jovens.

Dr. Marcos Galan Morillo
CRM 58571
Geriatria Clinica e Preventiva e Clinica Médica
Mestre pela UNIFESP
Especialista pela AMB

 

 

Dor e depressão

No vídeo, o médico aborda a relação entre dor e depressão, destacando que a dor pode causar sintomas de ansiedade, estresse, tristeza e depressão, e que a depressão também pode causar dor. Cerca de 50% das pessoas com dor crônica apresentam depressão. O médico ressalta a importância de um tratamento multidisciplinar para tratar tanto a dor física quanto a dor emocional, que muitas vezes envolve a colaboração de fisioterapeutas, psicólogos e psiquiatras. Ele também explica que em alguns casos, a causa física do problema pode se tornar mais aparente com o acompanhamento e que o paciente precisa dedicar tempo e seguir todas as orientações dos profissionais para melhorar.

Olá, pessoal! Hoje vou falar sobre dor e depressão, são duas situações que estão intimamente relacionadas. É muito comum a dor causar depressão e a depressão causar dor e muitas vezes existe um ciclo vicioso que é muito difícil de tratar, de lidar. Quando a gente se coloca no lugar de uma pessoa que vive cronicamente com dor cervical ou dor lombar, fica fácil de entender como que essa situação leva a sintomas de ansiedade, estresse, tristeza e depressão. A pessoa para de viver e parar de fazer as coisas que gosta, para poder conviver com aquele problema e acaba se limitando, deixando de fazer as atividades habituais, sua profissão, seus hobbies e de fato os estudos mostram que em 50% das pessoas com dor crônica apresentam depressão. Então se esse é o seu caso ou de algum familiar, saiba que eles não estão sozinhos nessa luta. E se o seu médico, em algum momento também te encaminhar para um psicólogo ou um psiquiatra, isso é importante entender não quer dizer que o médico está achando que é só dor psicológica ou que não existe um problema físico não. Pelo contrário o médico está tentando de uma forma global tratar tanto a dor física quanto a dor emocional. Outros sintomas que podem sugerir a avaliação de um psiquiatra associados à dor crônica são situações de cansaço excessivo, distúrbios do sono, mudança de hábito alimentar, apatia, sensação de desespero, tristeza continua. Os procedimentos para tratamento de dor na coluna como as infiltrações ou as cirurgias endoscópica, por exemplo, elas podem ajudar quando existe um componente físico bem evidente e que muitas vezes no caso dos pacientes com dor muito difusa, fica muito difícil avaliar. Mas o que não é incomum a esse paciente é ele iniciar um tratamento multidisciplinar com fisioterapeuta, psicólogo, com medicamentos e aquela dor que inicialmente era difusa, ela começa a ficar mais focal e aí o neurocirurgião, ele pode identificar uma raiz nervosa lombar ou uma raíz nervosa cervical que algumas vezes iniciaram todo o problema. Então muitas vezes no início é muito difícil de identificar isso daí, mas o decorrer do acompanhamento essa causa esse problema físico, ele pode se tornar mais aparente e mais suscetível a um tratamento mais focal. Por mais que os casos que envolvem dor crônica e depressão muitas vezes não sejam graves, do ponto de vista neurológico, eles são muito difíceis de tratar, porque envolvem esse segmento multidisciplinar e por isso muita força de vontade e dedicação do paciente para melhorar, seguir todas as orientações dos profissionais, ou seja, dedicar tempo para o seu tratamento. Então se você gostou desse vídeo, não deixe de clicar no sininho, deixar seu comentário, sua dúvida para que a gente possa responder, seja no YouTube ou em outras redes sociais.

Fonte:Amato, MCM; Amato, CM; Amato, MCM; Morillo, MG. Manual para o médico generalista. 2˚ edição. 2012 (no prelo)

Qual sua nota para este artigo?

0 / 5

Your page rank:

>