O coração trabalha como uma bomba impulsionando o sangue para todas as regiões do corpo, é formado por quatro câmaras, dois átrio e dois ventrículos. O átrio direito recebe o sangue do corpo e o esquerdo dos pulmões. Os ventrículos que ficam abaixo são as principais bombas. O ventrículo direito bomba o sangue para os pulmões, para ser oxigenado e o esquerdo, bomba o sangue já oxigenado para o corpo inteiro.
Essa bomba é coordenada por um sistema elétrico que transmite ao músculo cardíaco a ordem para ele bater. O nódulo sinusal, fica no átrio direito e funciona como marca-passo cardíaco. Daí sai o comando para o coração bater. Esse impulso elétrico atravessa o coração inteiro através do músculo cardíaco.
Cada impulso elétrico nasce do átrio. Essas câmeras se contraem pelo estimulo elétrico, o que ajuda o sangue a fluir para o ventrículo e o impulso nos ventrículos, causa uma contração maior, impulsionando o sangue para fora do órgão.
Quando o coração está em FA, quer dizer que o átrio perdeu o comando, está com problema no seu sistema elétrico. Ele perde o ritmo regular e passa a bater desordenadamente e com frequência maior.
A fibrilação atrial representa 1/3 das internações por alterações do ritmo cardíaco
Sua incidência aumenta com a idade, a partir de 50 anos, duplica a cada década. Acomete cerca de 10% de ambos os sexos na faixa etária de 80 anos ou mais. Em 30% dos casos é isolada e idiopática ou seja, ocorre na ausência de cardiopatia. Apresenta incidência de 2:1 de homens:mulheres.
O que causa a FA?
Geralmente a causa da FA 9Fibrilação Atrial) é desconhecida, mas alguns fatores de risco aumentam a chance de seu aparecimento. Ocorre geralmente em pacientes com insuficiência coronariana, infarto prévio, em insuficiência cardíaca e mesmo em pessoas que nunca apresentaram doença cardíaca
Outras causas são:
- Hipertensão arterial
- Cirurgia cardíaca recente
- Inflamação cardíaca, ou seja miocardites ou pericardites
- Cardiopatias congênitas
- Hipertireoidismo
- Doença aguda ou crônica do pulmão
- Diabetes
- Abuso do álcool
- Uso de drogas estimulantes
- Apneia do sono
- Síndrome metabólica
- Outras
Por que é necessário tratar a FA?
Mesmo sem apresentar sintomas a presença de FA aumenta o risco de :
- Acidente vascular cerebral (AVC)
- Embolias sistêmicas
- Insuficiência cardíaca
- Cansaço e fadiga crônica
- Outros problemas de arritmia
- Insuficiência circulatória
Qual o melhor tratamento para FA?
O tratamento correto depende da causa, do tipo de FA, dos sintomas e do nível de comprometimento cardíaco.
O objetivo do tratamento são três metas:
- controlar a frequência cardíaca
- reverter ao ritmo normal, se possível
- prevenir a embolia
O tratamento farmacológico da FA ainda não é definitivo, os medicamentos disponíveis apenas controlam o problema. O uso de anticoagulantes ou antiplaquetários para a prevenção são imprescindíveis. Entretanto, a tecnica de ablação por catéter tem evoluído muito e cada vez apresenta menos complicações. Ainda falta muito para esse ser o tratamento padrão da FA, mas em muitos casos já tem sua indicação como primeira escolha.
Como prevenir a embolia?
A prevenção da formação de êmbolos no coração, decorrente da FA, é parte fundamental do tratamento. Seu controle adequado diminui em menos de 1% o risco de embolia.
Os medicamentos mais frequentemente utilizados são a varfarina e o ácido acetil salicílico (AAS). Porém hoje existe uma nova classe de medicamentos que também podem ser prescritos, são eles: dabigatran, rivoraxaban e apixaban.
Todos esses medicamentos reduzem a habilidade do sangue de se coagular, o que ajuda a diminuir o risco do tromboembolismo em pacientes com FA.
O que é possível fazer para prevenir a FA?
O controle dos fatores de risco cardiovasculares, tais como hipertensão arterial, tabagismo, diabetes, obesidade e do alcoolismo, podem prevenir mais da metade dos casos de FA.
Artigo publicado primeiramente em Cardiologia.pro pela Dra Marisa Amato.